seguinte:
ela - oi, guria! há quanto tempo! dois beijinhos estalados na bochecha
eu - pois é, né. sorriso forçado. que que se anda fazendo?
ela - ai, o de sempre, o de sempre. desvia o olhar.
eu - ... cara de tacho
ela - então, né, guria, você tá bem, né? passa a mão no braço
eu - tá, meio corrido sabe. faculdade, essas coisas... cruza os braços
ela - é, por que, assim, eu ia ligar pra lídia, mas aí tava vendo na agenda do celular aqui e acabei ligando pra lívia - você! olha só que coisa, né??!!??!! risada falsíssima
eu - puxa, olha só, né. que coisa. cara de vácuo
ela - bom, deixa eu ir, mas a gente tem que ser mais, viu? faz muito tempo que a gente não se vê! ME LIGA, tá!!!! faz o sinalzinho do telefone com a mão
eu - pode deixar. acenando veementemente com a cabeça
ela - então tá! combinadíssimo. beijo!!! tchau.
desliga o telefone
eu -ah... beijo...
é isso, gente
sorriso amarelo
tchau
você se despede de alguém por email, carta ou telefone e manda: "um abraço!" ou "um beijo!". nada mais normal, afinal, já que você não pode estar com a pessoa fisicamente, é quase como que se você mandasse verbalmente ou por escrito uma ação que em outras circunstâncias você realizaria.
exemplifico: você fala no telefone com a sua melhor amiga. quando vocês se despedem, mandam beijo. se vocês estivessem no mesmo lugar e fossem se despedir, vocês dariam o dito beijo uma no outra. logo, você fala no telefone porque não pode fazer pessoalmente.
até aí tudo faz sentido, mas agora é que vem o xis da questão. por que é que quando as pessoas que estão falando no telefone sobre negócios ou coisas assim não se despendem usando expressões como "aperto de mão" ou "tapinha nas costas". estas também são ações de cumprimento, mas que nós não verbalizamos! aí eu comecei a imaginar como seria se a gente tivesse que descrever todas as ações que realizaríamos caso o contato fosse cara-a-cara. seria um exercício de auto e outro-conhecimento. eu, pelo menos, teria algumas conversas telefônicas assim:
ela - oi, guria! há quanto tempo! dois beijinhos estalados na bochecha
eu - pois é, né. sorriso forçado. que que se anda fazendo?
ela - ai, o de sempre, o de sempre. desvia o olhar.
eu - ... cara de tacho
ela - então, né, guria, você tá bem, né? passa a mão no braço
eu - tá, meio corrido sabe. faculdade, essas coisas... cruza os braços
ela - é, por que, assim, eu ia ligar pra lídia, mas aí tava vendo na agenda do celular aqui e acabei ligando pra lívia - você! olha só que coisa, né??!!??!! risada falsíssima
eu - puxa, olha só, né. que coisa. cara de vácuo
ela - bom, deixa eu ir, mas a gente tem que ser mais, viu? faz muito tempo que a gente não se vê! ME LIGA, tá!!!! faz o sinalzinho do telefone com a mão
eu - pode deixar. acenando veementemente com a cabeça
ela - então tá! combinadíssimo. beijo!!! tchau.
desliga o telefone
eu -ah... beijo...
é isso, gente
sorriso amarelo
tchau